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AMINAH

Taróloga

AMINAH: Projetos

A próxima bruxa que gostaria de te apresentar é Daniele Aminah, mais conhecida apenas por Aminah na Ilha de Florianópolis onde mora. Uma taróloga de 42 anos que se identifica como bruxa wiccana (ou wiccaniana).
Mas antes de entrarmos em detalhes, primeiro conversamos sobre o início de sua jornada.
R.: Eu sempre costumo dizer que a gente tem o despertar de um relembrar.
Por que quando a gente começa a entrar nesse universo, a estudar, fica tão fácil, é como se estivesse voltando tudo. Eu ganhei uma agenda da Além da Lenda, e tinham umas cartinhas juntas, e toda vez que eu escrevia algo eu também tirava uma cartinha, e aquilo começou a me interessar. A minha mãe também sempre foi muito mística, minha vó conhecia muito de ervas, então a gente vai trazendo também essa veia ancestral. Mas oficialmente comecei com 16 anos.

Como foi esse processo?
R.: Como eu era jovem quando comecei, a gente não tem tanta autonomia de ter nosso espaço, nosso próprio altar, então eu comecei mesmo com uns 18, 19 anos. Já fiz parte de covens, mas hoje por opção eu sou bruxa solitária. Então eu prefiro fazer os meus rituais sozinha, a minha roda do ano sozinha. Eu comemoro a roda sul, por uma conexão com a natureza mesmo. Mas comecei em covens.

E o que é ser bruxa para você?
R.: Ser bruxa pra mim é vida. É o prazer de tudo e da conexão de tudo. É prestar atenção nas fases da lua e o quanto elas reverberam na nossa vida, o quanto nos somos cíclicas como a natureza. É observar a chuva que tá hoje e não reclamar disso né, e aceitar isso como um processo divino, abençoado. É respeitar cada fase, cada tempo, cada momento, observar. E poder trazer essa magia maravilhosa da vida que é essa conexão com a natureza. Bruxaria para mim é uma conexão direta com a natureza, e o respeito que a gente tem por isso. Pela lua, pelas estações, pelas fases, pela roda do ano, e trazer essa fonte de todos os nossos ancestrais. Então pra mim bruxaria é simplicidade, mas também é vida.

Você começou seu estudos por conta própria?
R.: Sim. Sou dos anos 80 e naquela época não tinha internet, então eu ia em biblioteca. A gente tinha pouco acesso a isso. Eu estudei muito, e até eu começar rituais foram uns dois anos e meio de estudos.

Pratica dentro de alguma religião?
R.: Sim, eu sou wiccaniana. Mas considero também a bruxaria como natural, independente de qualquer dogma, arte. A essência que ela vem como bruxaria, simplesmente.

Você trabalha com alguma entidade protetora?
R.: Eu tenho conexão com Hécate. Eu sou filha de Hécate. Tenho uma conexão profunda com ela. Hécate ela se apresenta para nós, e você vão ver durante o ritual, você vão sentir.

Qual a sua relação com as raízes pagãs da bruxaria?
R.: levando em consideração que nós trazemos conosco, geneticamente, espiritualmente E emocionalmente até 4.600 ancestrais, eu acredito que a gente vai resgatando e relembrando. Gosto muito da cultura celta, a roda do ano está baseada na cultura celta, na cultura pagã. Então eu creio que cada um de nós tem uma conexão de certo modo pagã e durante a vida cada um encontra o seu caminhar.

E como que você integra a bruxaria no seu dia a dia?
R.: O tempo todo. É o prazer da minha vida. Fazer minhas poções, meus rituais. Todo o dia é dia de algum ritual que eu possa fazer, por que você tem a vantagem das fases da lua, então não precisa da roda do ano. Uma lua minguante para fazer um ritual de limpeza e banimento, que é o nosso caso de hoje; a lua nova que é pra você trazer novos projetos, a lua crescente para você efetivar algo necessário, a lua cheia pra você trabalhar o teu sagrado feminino, o que for. Então, tudo é ritual. Cozinha é ritual. Pra mim tudo tá interligado. Eu vivo da bruxaria.

AMINAH: Texto
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AMINAH: Imagem

Aminah também conta um pouco sobre como introduz a bruxaria em seu trabalho, que em si já é extremamente "bruxesco". "Sou taróloga há 27 anos, e junto com a cartomancia eu utilizo ferramentas da bruxaria que eu passo para os meu consulentes. Então todo consulente que passa por mim vai ter uma análise, onde ele vai saber qual é a pedra regente para aquele momento, qual é óleo essencial, qual o banho de ervas, qual é o ritual. Todos os rituais que eu passo não são manipulativos, jamais para interferir ninguém, que é um dos preceitos da bruxaria: faça o que tiver que ser feito desde que não afete a vida de ninguém."
Ela fala também sobre a visão que têm dela, o poder que se deduz ter vindo da magia que ela pratica. "Eu gosto de expandir a bruxaria, de levar para o outro essa conexão. Então falam 'Aminah, aconteceu aquilo que você falou, você é muito bruxa!', mas não sou eu, eu te levei as informações e você que teve esse poder da magia de fazer acontecer."

Tendo essa brecha, pergunta sobre esse compartilhamento da bruxaria.
Você pretende passar seu conhecimento adiante?
R.: Sim. Tenho muitos planos, muitos projetos. É um objetivo de vida. questões que realmente validam e edificam a bruxaria principalmente aqui no Brasil.
Aminah diz também ter o sonho de publicar um livro sobre o assunto.

Mas mesmo assim, existem aspectos negativos na bruxaria?
R.: Existe sim, o preconceito. O preconceito ele não morre, quem sente sabe. Mas quando tu encarna realmente quem tu é, você fala "eu sou isso", isso vai ficando pra trás. Mas já tive episódios fortes, como por exemplo quando nos fomos praticamente enxotados de um bairro por "outras religiões", só por que na frente da minha porta tinha uma vassoura de bruxa e um caldeirão. Então tu sofre umas perseguições sim.

No geral, como as pessoas reagem?
R.: As crianças adoram (risos). Algumas pessoas tem medo, mas a maioria se encanta, pelo menos no meio que me rodeiam.

Partindo para o lado mais prático, também pergunto quais seus rituais favoritos.
R.: Meus favoritos estão voltados para Hécate, mas eu tenho um apego muito grande com a lua minguante. Eu nasci na lua minguante, então existe algo muito forte em relação a isso. Ela é propicia para rituais de banimento e proteção, e como eu trabalho muito com energias eu faço bastante ritual para proteção. Embora Hécate tenha uma conexão muito forte com a lua nova também.

Para concluir nossa conversa, peço a ela que mande uma mensagem para quem não entende ou não conhece a bruxaria.
R.: Vou usar um pensamento de Alice Hoffman, ela disse "dentro de cada mulher habita uma bruxa". Não só dentro das mulheres, mas enfim. A bruxaria ela é um sentir, ela é um intuir, ela é um encontro com a gente mesmo. É a gente observar mais os nossos sentidos, a nossa percepção. Saber qual é o chá adequado, qual é a lua adequada, o que você intuiu sobre aquele determinado momento. A bruxaria, como falei, é a simplicidade disso. A gente não precisa de ferramentas para validar a bruxaria. Ela é interna, ela é intrínseca, e eu acredito que todo mundo tenha uma bruxa dentro de si.

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AMINAH: Imagem

Finalizado o bate-papo, Aminah começou os preparos para os rituais que aconteceriam a seguir. Antes de tudo, ela acendeu seu incenso artesanal de sálvia para limpar energeticamente o ambiente e as pessoas lá presentes, e terminada sua purificação, ela sentou em seu espaço para iniciar o ritual.
O primeiro passo foi a abertura de círculo, e ela o fez com seu athamé - um instrumento similar a uma adaga que serve para cortar e delimitar energias - e esse círculo se torna um espaço figurativo onde é possível se conectar com as energias, nesse caso com Hécate, de uma forma segura. A prática de abertura de círculo é muito utilizada na Wicca, religião com a qual Aminah se identifica.
Ela recita de seu Livro das Sombras - o diário de uma bruxa onde se anota seus feitiços - uma consagração à Hécate, que estaria regendo esse ritual, pedindo por sua presença e benção. Aminah então nos mostra o espelho que será utilizado para o encantamento a ser feito, que ela chama de Ritual de Reverso, onde serão devolvidas todas as energias ruins de volta à suas origens, de inimigos tanto ocultos quanto reais.
Ela afirma que na bruxaria não se costuma fazer nada "enviado", mesmo que haja alguma intenção de nome, e a forma como isso é simbolizado é através da nomenclatura "meus inimigos", que ela usa para escrever em uma vela metade preta metade branca. A parte branca da vela está por baixo, de uma forma que o pavio queima em direção ao branco, representando uma limpeza, limpeza tal que também é simbolizada na direção que se escreve na vela (de cima para baixo).
Para finalizar a preparação da vela, ela separa o que chama de Óleo de Reverso, que fez com azeite, alecrim, cardo-mariano, espinheira-santa, sálvia, cravo e obsidiana negra; e ficou separado durante três luas minguantes. Após untar sua vela com o óleo, usa então o espelho de Hécate como uma base para a vela, e ao prendê-la a superfície do espelho e acendê-la, a magia é feita. Aminah recita para Hécate novamente para concluir o ritual, e pede para a Deusa que seus inimigos nunca a possam encontrar.
Após esse feitiço, tivemos a honra de poder participar de outro ritual, de limpeza e banimento, onde estaríamos queimando nossas intenções.
Primeiramente cada um escreveu em um papel com lápis algumas coisas que gostaria de estar se "livrando" e banindo de sua vida. Dobramos o papel, e Aminah acendeu mais uma vela, e ao queimar nossos desejos e jogá-los no caldeirão, mentalizamos a força ao nosso redor retirando aquilo de nossas vidas e nossas mentes.
Ao final de tudo, ainda retiramos cartas do oráculo de Aminah, e ela nos leu o significado de cada uma, no entanto prefiro deixar nossas mensagens em segredo, pois só nós conseguimos fazer sentido daquilo que o universo vem nos dizer.

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