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FERNANDA

Taróloga

FERNANDA: Projetos

E encerrando a primeira etapa do COVEN, conversei então com Fernanda, também conhecida como Mimo, 40 anos, taróloga e bruxa natural também de Florianópolis. Ela conta que trabalha com a magia natural no dia-a-dia, e que isso teve muita influência da avó que era benzedeira, e ela foi a única da família que continuou com essa prática.

R.: Sempre estudava a respeito, mas entrei mais quando cheguei aqui na Ilha, comecei a me dedicar mais pra isso. Eu trabalho com tarô, já tive vários outros trabalhos mas hoje em dia trabalho só com isso, com baralho cigano. Dou cursos também, de ervas, de baralho, de uma infinidade de coisas, mas meu carro chefe são as cartas ciganas.
Ano passado eu fui cruzada Mãe Pequena de Umbanda em terreiro, mas estou desde março afastada da casa que eu estava trabalhando por questões diversas. Não estava mais me conectando. Mas sigo fazendo tudo em casa, por que é tudo muito mesclado. Uma coisa tá ligada a outra nessa coisa da magia, da bruxaria. Na Umbanda, as oferendas são portais mágicos igual quando tu abre um portal para fazer um feitiço.
Então foi evoluindo assim, tudo de uma forma muito natural no meu processo, a forma como as coisas foram acontecendo. Tudo muito sincrônico. Me aflorou muito talvez por poder libertar a nossa essência real, quando eu me mudei pra Ilha. Mas meus pais sempre me deram liberdade para praticar o que eu quisesse. Minha família não é de religião, eu toco gira de Umbanda, toco terreiro, e eles participam desses processos comigo, tenho essa sorte. Tem gente que não pode acender nem uma vela né.

Há quanto tempo se considera bruxa?
R.: Há eras! Tenho muita liberação de memória de vidas passadas, eu tenho acessos e tive umas bem pesadas de outras jornadas de bruxaria. Mas me ancorando no hoje, eu já fazia práticas de bruxaria inconscientemente, sem pensar "ah, eu sou uma bruxa". Eu já fazia incensos, benzimentos, minha avó benzia e a única que continuou benzendo fui eu. Então acho que desde sempre. Por que quando criança eu sempre tive muito fascínio por cemitério (risos). A gente ia visitar minha avó e passava na frente de um cemitério, e toda vida eu azucrinava o meu pai pra entrar. Então desde sempre, acho que é um troço da essência da pessoa, às vezes tu só não tem a percepção.

E o que é ser bruxa pra você?
R.: Ah, acho que toda mulher é bruxa né. Ser bruxa é ser mulher. A mulher ela tem magia nela inteira, mesmo sem ser uma "bruxa". Como é que pode ela criar cabelo e osso do nada? Essas partes que a gente tem escondidas no nosso DNA, é muito louco. É natureza também, a terra, o fogo. Eu tenho muita conexão com a terra.

E você comentou sobre espalhar esse conhecimento...
R.: Sim, e no meu Instagram falo sobre tudo isso. Falo de magia, de banho de ervas, de chá, de orixá, de cristal, de arcanjo Miguel. Tudo que tu imaginar. E eu procuro falar bastante tanto nessa parte da bruxaria quanto nessa parte da Umbanda, e eu percebo, por que recebo muito nos meus directs, que as pessoas tinham uma visão muito distorcida a respeito dessa questão da bruxaria como sendo algo ruim e da Umbanda como sendo algo do demônio. E por causa dessa minha habilidade de comunicação eu consigo abordar alguns temas geralmente de uma forma bem direta e com uma outra ótica.
Não pense que uma bruxa é uma mulher que só faz mal pros outros, não pense que a pomba-gira é a mulher do diabo por que na Umbanda nem tem diabo, diabo é uma visão católica. Então são essas coisas que as pessoas pensam e acham que sabem por questão de falta de estudo, de falta de informação.
E minha Preta Velha me falou uma vez que tenho uma facilidade de passar esse conhecimento através das redes sociais, que tem esse alcance, tanto em questão da religião quanto em relação a bruxaria. Minha Preta Velha era benzedeira, as bruxas do tempo da escravidão. Eram as rezadeiras, as curandeiras que tinham naquela época. E volta e meia eu posto se faço alguma coisa, seja um banho de ervas, o que for, boto nos meus stories. Sem esquecer daquelas questões ancestrais, mas trazendo pro hoje, pro atual.
As bruxas lá de trás que eram mortas por fazerem medicamentos pras pessoas, como boticárias, parteiras, a mulher que era liberta na época, que era independente e vista como mais inteligente era dita como bruxa. Mas a visão ainda é muito errada, mesmo depois de tanto tempo. Tu fala pra alguém "eu sou bruxa", já tem aquele olhar, mas quanto o negócio aperta vai correr pra quem? As pessoas tem preguiça de buscar, acabam por ouvir um monte de baboseira e acreditam sem procurar saber se aquela informação é verídica ou não.

FERNANDA: Texto
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FERNANDA: Imagem

Fernanda também conta quando começou a se conectar mais fortemente com sua mediunidade, após fazer a catequese. "Eu tinha pavor de catequese, e minha mãe na época também queria que eu fizesse crisma, e disse não. Foi aí que minha mediunidade, aquela clarividência mesmo, começou. E eu comecei a questionar as coisas sozinha e minha mãe não sabia me explicar, então ela me levou num centro espírita. E eu me encontrei lá." Ela conta sobre como a Igreja induz e impõe certos ideias, e expressa indignação, pois na Umbanda e na bruxaria não existe nada disso, nem de Diabo nem de forçar as coisas. "A Igreja usou dessas coisas pra domar as pessoas."

Ela fala também sobre ser bem afrontosa nesse quesito e conta sobre várias situações em que outras religiões tiveram reações e falas preconceituosos com ela, e ela não deixa barato. "Eu respondo mesmo. Que fala o que quer ouve o que não quer. Não faço mal pra ninguém, não tem por que ser assim. Discuto mais mesmo com pessoa nos comentários, não me seguro. Tem muita gente ignorante por aí."

Por fim, conversamos sobre suas magias, e Fernanda expressa praticar de tudo um pouco, mas principalmente banhos de ervas. "Sempre faço um banho de alguma coisa, eu saio do chuveiro e vai caindo alecrim."
Ela também me apresenta alguns de seus diversos altares pela chamada de vídeo. Altar para certas entidades e deidades, altares para prosperidade, seus materiais religiosos e de bruxaria que acabam se misturando, pois como ela falou, as práticas se mesclam, e a magia se mostra presente de uma forma ou de outra.

FERNANDA: Texto
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