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a autora

Da mesma forma que usei de relatos de imagens de outras bruxas, acho importante me colocar como entrevistada por um momento e contar aqui a jornada que eu mesma percorri dentro da bruxaria, afinal que credibilidade eu teria para explicar bruxaria se nem bruxa eu fosse, não é mesmo?

Bem, tudo começou em 2016 com o Tumblr. Sim, o Tumblr. Naquela época a rede já não estava mais no seu auge há muito tempo, mas sempre gostei da comunidade de lá, e através de algumas sessões de alienação que duravam - e honestamente ainda duram - horas, acabei tropeçando em páginas de praticantes de Wicca. Eu não fazia nem ideia do que isso significava, mas os posts sobre criação de sigils e feitiços em jarras me atraíram muito e acabei até por utilizar alguns com o intuito de passar em provas (não lembro bem, mas tenho quase certeza de que não funcionou). Mas, como já disse, eu tinha um total de zero conhecimento do assunto, antes daquilo nem passava pela minha cabeça a possibilidade de pessoas nos dias de hoje se considerarem bruxas, muito menos da existência da Wicca e qual seria a diferença entre isso e bruxaria "comum", e como uma típica adolescente, o assunto morreu ali por falta de correr atrás. Mas a curiosidade ainda existia, e a bruxaria ficou guardada em um canto do meu cérebro, só esperando ser acessada quando fosse o momento certo.
Corta para meu primeiro ano no curso de fotografia, na época em que os podcasts estavam entrando em voga, eu descobri uma dupla de primas do Texas que se intitulavam Witch Bitch Amateur Hour. Elas falavam sobre tudo relacionado a bruxaria e práticas pagãs de um ponto de vista relativamente inexperiente mas curioso e bom humorado que me vez querer aprender mais, e me logo me vi fã do programa. Esse constante contato com esses pequenos aspectos da bruxaria que elas comentam toda semana me influenciou a começar a praticar, até que no começo de 2020 decidi fazer meu primeiro ritual no sabá de Lughnasadh, ou Lammas, que no hemisfério sul acontece dia 2 de fevereiro.
Não foi nada glamoroso, e os materiais foram completamente improvisados, mas naquele dia senti que o motivo que eu tinha para estar ali foi suficiente. Pouco depois a pandemia aconteceu, e perdi minha motivação de fazer diversas coisas, inclusive bruxaria. Naquele ano eu ainda morava em uma casa, com um espaço amplo com árvores atrás que era só nosso, e eu sentia uma intensidade muito profunda vindo daquela natureza, passava horas lá fotografando e coletando folhas que chamavam minha atenção, e aquilo me ajudou muito durante caos que foi o COVID-19, que em fevereiro de 2021 veio a levar minha avó. Um mês depois, minha cadela de 15 anos também nos deixou, e na mesma semana um tio veio a falecer.

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Eu me senti desconectada de muita coisa por muito tempo, mas ao invés das perdas que tive me afastarem da bruxaria mais ainda, elas nos aproximaram. Dia primeiro de maio no hemisfério sul se celebra o sabá de Samhain (pronunciado "Sau-in"), que se caracteriza pela conexão que trás com os nossos ancestrais e todos aqueles que já se foram. Dez dias depois eu estaria me mudando daquela casa, então foi momento certo de aproveitar o espaço e privacidade que eu tinha ali para honrar quem eu havia perdido. Eu abri um círculo pela primeira vez, criei falas para recitar ao vento e senti aqueles que amava ali comigo. Foi o meu momento de cura, e desde então há uma paz comigo ao lembrar desses que amo.

Mas, como nem tudo são flores, a mudança para um apartamento colocou mais uma pausa na minha caminhada bruxa. Para muitas pessoas, não ter a natureza por perto para poder praticar se mostra um desafio, e para mim não foi diferente, especialmente pelo fato de já ter tido isso e perdido. Continuei dando meus pequenos passos, criando minhas intenções com certos incensos e utilizando cristais, mas só me senti realmente conectada de novo meses depois quando finalmente comprei meu primeiro baralho de tarô.

O tradicional Smith-Waite, nada teoricamente especial, mas só quem tira tarô sabe o quando ele te permite entender o mundo ao seu redor e a si mesmo. Depois disso, foi como se todas as peças que estavam faltando se encaixassem, e eu pudesse ver com mais clareza a imagem completa, que eu era sim uma bruxa e que de agora em diante eu não deveria mais olhar para trás. Desde então, a prática vem se espalhando mais e mais por todas as áreas da minha vida.

É complicado explicar o por quê de tudo isso, eu mesma não saberia, mas confio no que o universo tem para me oferecer, e se a bruxaria fez o que fez por mim acredito haver um motivo e me sinto aberta para qualquer outra forma de magia que queira se apresentar para mim de agora em diante.

No momento não trabalho com deuses ou espíritos ou coisas do gênero, minha magia é só para mim, e espero que com essa minha história você que está lendo entenda tanto quem eu sou e do a bruxaria é capaz. Basta se abrir para o mundo e a sua própria intuição, e a partir disso tudo é possível.


Obrigada por ter ficado até aqui, até breve e blessed be.

Victória Baixo Batista

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